Poder Judiciário recebe integrantes do Sistema de Justiça e discute demandas de detentos da Unidade Prisional de Palmas

Elias Oliveira Foto mostra sala de reunião lotada com representantes do Sistema de Justiça
Juiz Allan Martins Ferreira durante audiência com representantes do Sistema de Justiça

O juiz da 4ª Vara Criminal de Palmas Allan Martins Ferreira, responsável pela Execução Penal, recebeu nesta segunda-feira (12/6), no Fórum da Capital, representantes do Sistema de Justiça para tratar sobre reivindicações dos detentos da Unidade Prisional de Palmas (UPRP).

O magistrado esclareceu que as reivindicações dos presos são demandas que precisam ser resolvidas pelo Poder Executivo e que o Poder Judiciário interveio para auxiliar nas tratativas.  "O Poder Judiciário entrou somente para fazer uma mediação entre as reivindicações, a constatação do que, eventualmente, ofendia direito, restrição de direito injustificada. E na ponderação dessa análise, foi feito um encaminhamento no sentido de que fossem firmados compromissos para resolução dos problemas”.

Demandas como visitas íntimas e sociais foram apresentadas por representantes dos presos. Hoje são cerca de 700 detentos na UPRP, e as visitas são mensalmente e não toda semana, como antes da pandemia. O juiz estabeleceu um prazo de 120 dias para que tenha um lugar adequado para as visitas e, caso haja descumprimento, será retomada a forma como era feita anteriormente. Foram estabelecidos ainda 45 dias para que fiquem prontas as celas de visita íntima.

Em relação às visitas, o juiz ressaltou que o preso não pode, além de cumprir a sua pena, ter cortado o seu direito da visitação. “A visita social, a visita familiar ela faz parte de um processo de reintegração dessas pessoas, se cortam esses direitos, esses laços ou se dificultam o processo de ressocialização dessas pessoas vai ficar ainda pior. Voltaram pessoas mais revoltadas, piores para o seio social e é o que não se espera.”

Ficou autorizado também a apresentação de projeto de cursos profissionalizantes no prazo de 90 dias, no prazo de 90 dias cujos beneficiários (presos condenados e com mais tempo de prisão e próximo a progressão) devem ser integrantes do pavilhão 5 e 3, alternadamente.

Outra demanda é em relação à escola, apesar da expansão de vagas em celas, houve redução na oferta de vagas para a escola, fato considerado absurdo pelo juiz. Foi dado o prazo de 90 dias para a conclusão das três salas de aula, para que possam ser formadas pelo menos três turmas até o final do ano.

Ainda foi determinada a instalação de ventiladores na frente de cada cela ocupada. Já sobre a circulação de cartas e fotos ficou definido que haja orientação de todos os servidores para justificarem o porquê de não permitir a entrada e saída dessas comunicações, não cabendo ao policial penal fazer a censura injustificada. Sobre a entrada de alimentos, foi autorizada durante a visita, quando tiver a presença de crianças. A superintendência informou ainda, que no prazo de 30 dias será implantado o fornecimento de lanches durante a visitação.

Outras reivindicações
Foi autorizado ainda que, em um prazo de 30 dias, o Estado faça um chamamento público para as entidades religiosas se habilitarem a prestar auxílio religioso na Unidade Penal. Em relação à saúde, os familiares poderão levar a medicação, desde que prescrito pelo médico.

Os visitantes que já cumpriram e que não tenham sido condenados tentando adentrar a unidade penal com algum ilícito, poderão entrar na UPRP com autorização judicialmente, cada caso será analisado.  

Durante a reunião foi deliberada ainda sobre a entrada de dois jogos de dama e dois de xadrez por pavilhão, a serem encaminhados pelo Conselho da Comunidade. As bolas serão fornecidas pela UPRP. Cadernos e canetas já são autorizados pela unidade penal. Sobre os tapetes que são produzidos artesanalmente, ficou permitido que os que tiverem o dobro do tamanho estabelecido, que hoje é de 40x70cm, terá a peça contada em dobro.

A entrada de menores está autorizada, desde que reconhecido em cartório a autorização de quem possui a guarda do menor. Os detentos que não possuem visita vão poder fazer ligações por videochamadas utilizando o aplicativo cisco webex. O Conselho da Comunidade vai apresentar projeto para aquisição de três computadores com webcam.

Parcerias
O defensor público Fabrício Silva Brito informou que as reivindicações são recorrentes e que o grande problema é a superlotação da unidade. “Ao invés de diminuir preso, ampliou a capacidade para 1200. Começou a reforma e não foi concluída. A Seciju (Secretaria da Cidadania e Justiça) trabalha com estimativa de 720 presos sem nenhum estudo técnico. Se não partir do problema que é superlotação, não vamos resolver, vai ser tudo paliativo."

Cristiano Ribas, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-TO, ressaltou que é preciso vontade política para resolver as demandas, principalmente, as que envolvem melhorias estruturais. Já o diretor UPRP Maxsuel Mesquita se prontificou a cumprir os prazos estabelecidos e disse que a gestão do presídio não tem interesse em passar a pena dos detentos aos familiares.

Estiveram presentes o promotor de Justiça, Rodrigo Grisi Nunes, os defensores públicos Denize Souza Leite, Téssia Gomes Carneiro e Fabrício Silva Brito; Maxsuel Mesquita (diretor da Unidade Prisional de Palmas), Cleber Sabino (gerente de operação UPRP), Jardel Dias Pereira (chefe de segurança da UPRP), Rogério Gomes (policial penal); Barcelos dos Santos Filho (advogado representando os familiares dos presos), Cristiano Ribas (Comissão de Direitos Humanos da OAB-TO) e o analista da DPE/TO, João Ricardo Lima.

 


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