Pais de ex-detentos mortos por grupo armado na cadeia de Colmeia serão indenizados em R$ 160 mil

Titular da Comarca de Colmeia, o juiz Ricardo Gagliardi condenou o Estado do Tocantins a pagar uma indenização total de R$ 160 mil ao pai e a mãe de dois ex-detentos executados a tiros por um grupo armado quando estavam presos provisoriamente na cadeia daquela cidade. O Estado deverá pagar ainda as despesas funerárias no valor de R$1,8 mil. Os pais de dois ex-detentos ajuizaram a ação pedindo R$ 4 milhões de indenização, além das despesas funerárias.

Os dois detentos foram presos suspeitos de terem participado da morte de um policial e na tentativa de assassinato de outro durante uma confusão em uma rua da cidade. Os policiais foram chamados para conter uma briga e um deles acabou sendo morto com um tiro na cabeça de sua própria arma. Quatro dias após a prisão, os dois ex-detentos foram retirados das celas por um grupo armado, estimado em 30 pessoas encapuzadas, e executados no pátio da cadeia.

Na ação, o Estado afirma que não contribuiu com ação ou omissão com as condutas que mataram os ex-detentos e defende que os fatos narrados extrapolaram a normalidade, em situação que não poderia ser prevista. Para o Estado, os ex-detentos não estavam sendo ameaçados e não houve deficiência do serviço público, porque os danos foram causados por ato de terceiros, excluindo a responsabilidade do Estado. 

Na sentença, o juiz considera que a “responsabilidade do Estado pela morte de pessoas presas é objetiva, aplicando-se a teoria da falta do serviço”. Para o juiz, embora possa haver a culpa ou dolo de terceiros e de agentes públicos e políticos de Estado, isso não exclui a responsabilidade do ente.

“É patente a omissão do Estado do Tocantins no que concerne ao estabelecimento de um planejamento, organização, estruturação, criação e funcionamento de protocolos de segurança relacionados ao serviço público essencial de custódio de presos na Cadeia Pública de Colmeia”, afirma.

Para o juiz, ficou comprovada a relação entre o mal funcionamento do serviço (na área de segurança dos detentos, como estrutura física e a adoção e cumprimento rigorosos de manuais de conduta que tratem de protocolos de segurança a serem observados por agentes) e a morte dos filhos do casal que ajuizou a ação.

Ao fixar os danos, o juiz lembra que o valor padrão em situações de morte de presos é de R$ 40mil, mas ele fixou em R$ 160 mil por entender que houve “maior gravidade” nos fatos julgados, pelo “perigo da quebra do sistema democrático de direito” e por serem dois os filhos e dois os pais. Metade do valor irá para o pai e a outra metade para a mãe.

O Estado deverá pagar ainda as despesas funerárias no valor de R$1,8 mil.

Cabe recurso da decisão.

Lailton Costa - Cecom/TJTO
Fotografia: Rondinelli Ribeiro - Cecom/TJTO


Fechar Menu Responsivo
Busca Processual Jurisprudência Diário da Justiça
Rolar para Cima
Nós usamos cookies
Usamos cookies ou tecnologias similares para finalidades técnicas e, com seu consentimento, para outras finalidades, conforme especificado na política de cookies. Negá-los poderá tornar os recursos relacionados indisponíveis.