
O enorme banco vermelho criado como intervenção urbana de alerta sobre a violência contra a mulher e para erradicar o feminicídio teve mais um exemplar instalado no Tocantins, nesta quinta-feira (18/10), no Parque das Águas em Paraíso do Tocantins.
Iniciativa do Instituto Banco Vermelho (IBV) - entidade brasileira sem fins lucrativos e suprapartidária, dedicada a erradicar o feminicídio - o “Banco Vermelho” chega ao município por uma ação do Poder Judiciário do Tocantins, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), e em parceria com a prefeitura municipal.
A presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe, afirma que a intervenção em parceria com o município busca levantar uma reflexão sobre a situação das mulheres que sofrem violência doméstica, incluindo a forma mais violenta, do feminicídio.
"Não são as mulheres de uma determinada classe social, esse problema está em todas as classes sociais, da mais baixa à mais elevada, está na magistratura, está no Ministério Público, está na polícia, está na nossa comunidade".
A desembargadora também ressaltou a importância da união entre o poder Judiciário e os executivos municipais para atuar nessa frente. "Nós temos que trabalhar em cooperação. Sozinhos nós não somos nada, mas quando a gente se une, nos tornamos um gigante tal qual esse banco, que, realmente, quer trazer visibilidade para essa realidade".
A coordenadora da Cevid, juíza Cirlene Maria Assis, ressaltou a simbologia do tamanho do banco - que tem 4 m de comprimento por 1,8 m de altura - para dar a dimensão da relevância da causa de combate ao feminicídio e de sua cor, vermelha, por representar o sangue "das mulheres que perderam suas vidas simplesmente por serem mulheres".
A juíza citou que nos primeiros 7 meses deste ano, o Tocantins registrou aumento de 40% nos casos de feminicídio em comparação ao mesmo período de 2023, dados que dão a dimensão da urgência de ações para reverter o cenário.
"Esses números nos trazem a dura realidade de que o feminicídio é uma questão urgente e que precisa de uma resposta forte e coordenada por parte de todos nós, de todo o sistema de Justiça, sistema de Segurança Pública e da sociedade civil organizada".
Para a juíza, o Banco Vermelho é um memorial que convida cada pessoa sobre o papel que desempenha na luta contra a violência e é um chamado à ação. "Não podemos permitir que esses números cresçam. Cada vida perdida é um alerta de que ainda temos muito a fazer".
Ao discursar no evento, o prefeito Celso Morais afirmou considerar que segurança pública se faz de "forma unida e com disposição para fazer o melhor" e anunciou a disponibilização de uma picape para acompanhamento de vítimas de violência no município. Conforme o gestor, são veículos repassados pela bancada federal para cerca de 60 municípios usarem no transporte das primeiras-damas, mas o de Paraíso será usado no patrulhamento de casos de violência. "Nós precisamos dessa caminhonete à disposição para fazer o trabalho de segurança das mulheres que sofrem algum tipo de violência aqui na nossa cidade".
Instituto Banco Vermelho (IBV)
O Instituto Banco Vermelho (IBV) é uma entidade brasileira sem fins lucrativos e suprapartidária, dedicada à missão de erradicar o feminicídio no Brasil. A entidade promove o combate à violência contra a mulher por meio de intervenções urbanas, movimentos culturais e ações educativas.
O IBV foi fundado em 25 de novembro de 2023, tendo como marco o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A iniciativa surgiu da experiência pessoal de duas mulheres de Recife (PE), a publicitária e ativista Andrea Rodrigues e a executiva de marketing Paula Limongi, que transformaram o luto pela perda de entes queridos em um movimento ativo pela mudança.
O Instituto visa o #feminicídiozero não como um ideal inalcançável, mas como um compromisso coletivo. Para aumentar a conscientização, o IBV utiliza bancos vermelhos gigantes em espaços públicos e privados. Esses bancos não apenas promovem a reflexão sobre o tema, mas também fornecem informações sobre canais de apoio às vítimas. Eles servem como pontos de acolhimento, reflexão e informação.